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 Mentoria e Curadoria                    LUIZA FURTADO

EIXO CORPO

“Trama” é uma malha digital que se forma no encontro de gestos radicais* (Segade, 2019). Como resultado das trocas no eixo corpo: vestuário, ao longo da residência virtual da Black Brazil Art. Apresentamos uma composição de vídeos e fotografias que emergem do debate sobre as vestimentas simbólicas que atravessam a poética pessoal de cada artista.

A provocação da curadora Patrícia Brito, abordando a “teoria das cinco peles” do artista Hundertwasser por meio da leitura crítica, que trazem os estudos decolonias. Nos permite desafiar e atualizar, o manifesto concêntrico, que o austríaco propoe enquanto alternativa estrutural. Após sobreviver a segunda guerra, confrontado por “um mundo doente, declarado a sua própria ruína pelo racionalismo” (Bernardes Barros, Bianca. 2018).

 

A sua teoria “(...) definida por Peretta (2007) como representante de um corpo com fronteiras porosas e fluidas, dilatado e ampliado, composto por instâncias plurais, inclusive por esferas extra-humanas, capaz de potencializar em si mesmo uma discussão sobre ética, sentimento e corresponsabilidade para com o outro (Oliveira Decussatti, Dênis; Santos Teixeira, Fábio Luís; Oliveira Caminha, Iraquitan. 2016). 

Aborda reflexões sobre o vestuário, enquanto a “segunda pele” no que tange as relações interpessoais; em termos de poder e pertencimento. Com foco no consumo e ecologia, ao relacionar a globalização com o apagamento das individualidades. Hundertwasser defende a auto-confecção de roupas e sapatos como forma de liberação e resistência à uniformização promovida pela indústria.

 

Em vista que (...) a leitura desconstrutiva nunca é vista como completa, mas como uma abertura que exige mais desconstruções.” (Vaittinen,Tiina. 2022). O reconhecimento do seu pensamento de vanguarda, coexiste com o questionamento sobre a viabilidade de aplicar tais conceitos nos diferentes contextos que costuram o sul global. 

Para compartilhar a sua visão, o artista desenha (1997) um espiralar de peles, a partir do seu corpo, que nomeia o “eu-profundo” de onde expandem as outras quatro camadas de interação com o mundo. Diante da produção discursiva, é importante localizar a posição eurocentrada em que se inscreve. A espiral rompe com a rigidez representada pela “linha reta”, mas segue uma -única- linha. Que transcende um modelo falho de (des)envolvimento, mas não resolve a questões no dito “meio global”, por seu carácter universalizante.

 

Protagonizar formulações interseccionais “para levar em conta as múltiplas fontes da identidade” (Crenshaw, Kimberlé.1994) imbricadas política e socialmente, com os efeitos que derivam da crise ambiental. Para discutir propostas futuras que abordam o nó da moda com a ecologia globalmente, é vital considerar os impactos do “neocolonialismo ecológico – uma manifestação das relações de poder historicamente persistentes e assimétricas entre países desenvolvidos (Norte) e países em desenvolvimento (Sul)” (Dias, Reinaldo. 2023). 

 

“Trama” a palavra que nomeia o projeto, aparece como uma terceira leitura visual. Que da sequência, e compõe com as referências citadas, por meio do exercício de imaginar-se, teando com três eixos; a linha afetiva, a linha do material e a linha da pesquisa. Pensando as noções expandidas do vestir, por um viés contemporâneo, em que múltiplas espirais criativas formam um tecido mais consistente em sua complexidade analítica.

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